quarta-feira, 1 de setembro de 2010

SOS tabaco



Olá.

Estou disponibilizando uma reportagem para vocês que traz noticias de um recente estudo relacionando os maleficios do fumo durante a gestação. Já sabemos o quanto o fumo faz mal para a saúde de qualquer pessoa, especialmente para a gestante e para um ser em formação.

Mas diante de tudo isso, uma coisa me intriga: o que os serviços de saúde estão fazendo para ajudar e apoiar as mulheres fumantes a se libertar deste vício? Sim porque o cigarro é um vício, onde há dependência, e não é simplesmente jogar fora como se joga uma chiclete que acabou o sabor.

É hora de se pensar nisso. Já está mais do que provado que o fumo faz mal. Esta na hora de se pensar estratégias e produzir ações para ajudar e apoiar essas mulheres, que já se sentem culpadas o suficiente por saber o risco que estão correndo e que estão expondo seus filhos. É hora de mostrar que há uma saída, e qual é o caminho para chegar até ela.

Para finalizar, não podemos esquecer das mulheres e bebês que são expostos indiretamente aos maleficios do cigarro, como "fumantes passivos". É preciso também ajudar o pai, a avó, a tia ou qualquer pessoa que está aprisionada por este vilão. Mais uma vez quem precisa ser cuidada é a família.

Segue abaixo a reportagem.

Filhos de mulheres que fumaram na gravidez têm mais problemas de saúde

Francisco Galindo

Cigarro potencializa risco de parto prematuro
Estudo publicado recentemente em uma revista da Sociedade Espanhola de Pneumologia e Cirurgia Torácica demonstra a relação existente entre a exposição antes, durante e depois da gravidez à fumaça do tabaco, e a aparição de patologias respiratórias nos primeiros anos de vida da criança.

Os resultados do estudo indicam que as crianças expostas ao tabaco no período pré-natal apresentam uma incidência de hospitalizações por infecção respiratória maior que os filhos de mulheres não fumantes.

Por outro lado, a exposição do recém-nascido à fumaça dos charutos se associa com a aparição de chiados no peito e com o aumento da probabilidade de sofrer de asma a partir dos 4 anos de idade.

Os chiados, que constituem por si só um sinal de problemas respiratórios, são sons parecidos com assovios que acompanham a respiração quando o ar flui por vias estreitas.

Além desse problema, as crianças avaliadas pelo estudo, expostas antes e depois do parto aos efeitos do tabaco, apresentaram mais rouquidão persistente, tosse noturna e a probabilidade de sofrer mais resfriados comuns.

A Sociedade Espanhola de Pneumologia e Cirurgia Torácica lembra que a asma é a afecção crônica pediátrica mais frequente e que sua prevalência aumenta especialmente nas regiões industrializadas.

No aumento dos casos desta patologia respiratória, a exposição ambiental tem um papel relevante e, entre os fatores ambientais, destaca-se a fumaça do tabaco.

O estudo, realizado a partir do acompanhamento de 1.611 meninos e meninas, avaliou tanto os hábitos de dependência ao tabaco dos pais como os sintomas respiratórios e alérgicos das crianças.

Medidas
O estudo também realizou um acompanhamento de dados como peso, altura e perímetro craniano das crianças. Os resultados indicaram que, nos filhos de mães fumantes persistentes (antes, durante e depois da gravidez), os parâmetros referidos aparecem com níveis significativamente baixos ao nascer, em relação aos filhos de mães que nunca fumaram.

Em consequência, o acompanhamento demonstrou que os filhos do grupo de consumidoras de tabaco no período pré-natal apresentaram tamanhos menores em relação ao grupo de não fumantes, enquanto, paradoxalmente, os bebês de mães que interromperam o consumo de tabaco durante a gestação não apresentaram nenhuma diferença frente às não fumantes.

A conclusão do estudo evidencia, por outro lado, que a exposição passiva à fumaça do tabaco durante a gravidez e a infância tem efeitos clínicos respiratórios bem diferenciados em crianças. Por isso, os responsáveis pela pesquisa consideram que a interrupção da dependência ao tabaco em mulheres que querem ser mães deveria ser uma medida preventiva de saúde pública.

Celular
Nos Estados Unidos, onde as pesquisas sobre as patologias que prejudicam o feto ou os recém-nascidos são abundantes, iniciou-se em fevereiro um programa destinado a grávidas que fornece informação periódica sobre medidas preventivas, tanto para ela como para seu bebê, por meio de mensagens de texto no telefone celular.

O serviço, que é gratuito e se denomina "Text4baby", alerta sobre os riscos de fumar para as gestantes. E lembra, por exemplo, que em um país tão desenvolvido, cerca de meio milhão de bebês nascem prematuramente como consequência da má alimentação, do estresse excessivo, ou do consumo de álcool e de tabaco das mães.

Além disso, cerca de 28 mil crianças americanas, muitas delas prematuras, morrem antes de alcançar seu primeiro ano de vida, segundo a coalizão "Mães Saudáveis, Bebês Saudáveis", que patrocina a campanha.

Atualmente, os EUA ocupam o posto número 30 na lista de índices de mortalidade infantil, abaixo de países menos desenvolvidos como Cuba ou Eslovênia, o que é considerado "vergonhoso" por uma parte da opinião pública e certos setores do Governo.

Conduta
Por último, outro relatório de cientistas e médicos britânicos assinala que fumar durante a gravidez aumenta de maneira significativa o risco de ter filhos com problemas de conduta, que podem se manifestar a partir dos três anos.

O estudo, publicado em novembro de 2009 no "Journal of Epidemiology and Community Health", foi realizado a partir do acompanhamento de mais de 14 mil mães e de seus filhos nascidos entre 2000 e 2001 no Reino Unido.

As mães foram classificadas em dois grupos, "fumantes moderadas" e "grandes fumantes", segundo o número de cigarros que consumiam ao dia, e foi pedido a elas que avaliassem o comportamento de seus filhos de três anos a partir de um questionário do âmbito da psicologia infantil, para detectar transtornos como a hiperatividade e o transtorno de déficit de atenção (TDA).

Aos dados extraídos do estudo deste questionário foram acrescentados outros fatores que podiam influir nos resultados: idade da mãe durante a gravidez, nível educativo, status socioeconômico e nível de estabilidade familiar.

Uma vez comparados todos os dados se concluiu que os filhos de mulheres que fumaram muito durante a gestação, apresentavam mais frequência problemas de hiperatividade e de TDA.

Além disso, os filhos das "grandes fumantes" tinham o dobro de probabilidades de apresentar problemas de conduta e, no caso dos das "fumantes moderadas" (as que consumiam menos de dez cigarros por dia), os casos de hiperatividade e de TDA aumentavam em 80% .

Os autores do estudo destacaram os graves prejuízos que o consumo de tabaco pode causar na estrutura de desenvolvimento e na função cerebral do feto e colocaram em relevo que, por razões que se desconhecem, os meninos são mais suscetíveis ao "ataque químico" da nicotina do que as meninas.

Fonte: UOL Ciências e Saúde

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